Relatório do BC detalha perfil do Investimento Direto no País
A primeira edição traz informações de posição de Investimento Direto no País (IDP) entre 2010 e 2016, com base nas informações mais recentes do Censo de Capitais Estrangeiros no País. A publicação será anual.
A posição acumulada de Investimento Direto no País (IDP) ao final de 2016 atingiu US$703 bilhões, equivalentes a 25% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2012 o IDP atingiu seu maior valor, US$731bilhões, equivalentes a 26,2% do PIB. Em 2015, o IDP atingiu seu valor mínimo nesta década, US$568 bilhões.
Esses dados estão no Relatório de Investimento Direto no País (IDP), cuja primeira edição foi divulgada pelo Banco Central (BC). O levantamento apresenta os resultados do Censo de Capitais Estrangeiros no País para o ano-base de 2016.
A posição de IDP tem aumentado e diminuído apesar de ingressos líquidos de IDP continuados e robustos ao longo de anos recentes. Este fato intriga muitos usuários. Mesmo havendo ingressos, a posição pode diminuir. O principal motivo é a oscilação da taxa de câmbio sobre a posição de IDP, que é apurada em reais”, explica o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Lemos.
A publicação será anual, e a primeira edição traz informações da posição de IDP para o período entre 2010 e 2016. “Essa defasagem entre o fim do período [2016] e a prestação de dados para o Censo [2018] está em acordo com o prazo necessário para as empresas fecharem seus balanços e prestarem informações ao BC. O número de empresas participando da pesquisa é grande, sobretudo no Censo Quinquenal, que na edição de 2015 teve 19.537 declarantes”, complementa Lemos.
Origem dos recursos
A Europa é a região que mais aplica recursos no Brasil, sendo responsável por aproximadamente dois terços da posição de investimento direto na modalidade participação no capital, no ano-base 2016. Em seguida, vem a América do Norte, com participação de 22%, e a Ásia, que apresentou elevação no período avaliado, atingindo 6% em 2016. Quando se analisa a origem do investimento direto por país, os principais investidores no Brasil são os Países Baixos, os Estados Unidos, a Espanha, Luxemburgo, França e Japão.
No período avaliado, observou-se elevação da participação dos investimentos diretos destinados ao setor de serviços, responsável por 45% dos recursos aplicados no Brasil em 2010 e por 55% em 2016, considerando-se o componente do IDP participação no capital. Por outro lado, a participação relativa dos investimentos no setor agricultura, pecuária e extrativa mineral diminuiu de forma acentuada, passando de 16% em 2010 para 8% em 2016. O setor industrial também apresentou trajetória declinante na participação total: de 39% no primeiro ano analisado, passou a 41% em 2013 e, depois, registrou queda, atingindo 37% em 2016.
Sobre a origem do IDP, o relatório detalha dois conceitos importantes para entender sua dinâmica, o de país do investidor imediato e o de país do controlador final. O país do investidor imediato é o país de domicílio da empresa não residente que investiu diretamente na subsidiária ou filial no Brasil. Já o país do controlador final é aquele de residência do investidor que detém o efetivo controle na empresa investida no Brasil.
Camila Maia, coordenadora no Departamento de Estatísticas, informa que, embora o padrão internacional estabeleça como prática a divulgação de investimentos diretos por investidor imediato, a divulgação por controlador final permite uma avaliação mais precisa do interesse dos investidores de determinados países por investimentos mais duradouros no Brasil.
“Os Países Baixos, como mostram os dados de 2016, são o país com maior investimento, considerando o critério de investidor imediato, com posição de IDP de US$114 bilhões. Pelo critério de controlador final, está em 11º lugar, com US$15 bilhões. A comparação de estatísticas nos dois critérios permite também identificar o ‘round-tripping‘, ou seja, aqueles investimentos que têm o controlador final no Brasil mas que, por serem canalizados por outros países, têm origem distinta conforme o critério de investidor imediato. Da posição de IDP em 2016, 3% das empresas têm controlador final no Brasil. Essa proporção havia chegado a 8% em 2010″, afirma Camila.
O relatório apresenta também informações detalhadas sobre as características das empresas receptoras de IDP. Com base nos dados de 2015, o documento mostra que, apesar de constituírem menos de 1% das empresas no país, essas empresas empregavam 9% dos trabalhadores formais e foram responsáveis por 28% das exportações e 36% das importações naquele ano.
Sobre investimento direto
O investimento direto é a categoria de investimento mais importante para o setor externo da economia brasileira. Os fluxos de IDP registraram ingressos líquidos em toda a série histórica e foram sistematicamente menos voláteis que o investimento em carteira e outros investimentos – empréstimos e créditos comerciais, dentre outros.
Conforme o padrão metodológico internacional, configura-se relação de investimento direto quando um investidor de uma economia detém poder de voto igual ou superior a 10% em empresa de outra economia. Por isso, o investidor direto participa de forma efetiva das decisões e dos rumos de negócio da empresa, mantendo interesse estável e de longo prazo na empresa investida.
O IDP possui dois componentes: participação no capital, que se refere ao investimento de não residentes alocados no capital de empresas residentes no Brasil, e as operações intercompanhia, que tratam de créditos concedidos a empresas residentes no Brasil por empresas não residentes pertencentes ao mesmo grupo econômico.
Fonte: Banco Central do Brasil – BCB