‘Prévia’ do PIB do Banco Central tem retração de 0,5% em maio
Este foi o maior recuo do nível de atividade desde janeiro deste ano. Em doze meses até maio, indicador registrou contração de 5,5%, diz BC. Após registrar crescimento marginal em abril, o nível de atividade da economia brasileira voltou ao terreno negativo em maio deste ano, segundo números divulgados nesta quinta-feira (14) pelo Banco Central.
O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – teve queda de 0,51% em maio deste ano, na comparação com abril, após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para poder comparar períodos diferentes).
De acordo com números da autoridade monetária, o tombo da prévia mensal do PIB do BC, em maio deste ano, foi o maior desde janeiro de 2016 – quando foi registrada uma contração de 0,69% no nível de atividade do país.
A economia brasileira atualmente passa por um período de forte recessão, com queda de 3,8% no PIB no ano passado e estimativa de economistas de uma contração superior a 3% também neste ano.
A recessão acontece em um ambiente de alta da inflação, das taxas de juros, do desemprego (que superou a marca de 11%) e também da inadimplência.
Comparação com maio de 2015
Ainda segundo números do BC, a “prévia” do PIB registrou uma retração de 4,92% em maio de 2016 quando comparado com o resultado do mesmo mês do ano passado. Neste caso, a comparação foi feita sem ajuste sazonal – pois considera períodos iguais. Com ajuste sazonal, a queda, nesta comparação, foi de 5,32%.
No acumulado dos 12 meses até maio, ainda de acordo com a autoridade monetária, o indicador registrou contração de 5,51% (após ajuste sazonal). Sem ajuste sazonal, o tombo do PIB, em 12 meses, foi de 5,43%.
Resultados do IBC-Br x PIB
Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE. O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado.
Recentemente, o BC atualizou a metodologia de cálculo, incorporando novos indicadores, com destaque para a utilização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME); além de outras mudanças.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.
Atualmente, os juros básicos estão em 14,25% ao ano, o maior nível em cerca de dez anos.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Neste ano, o mercado financeiro acredita que a inflação oficial ficará novamente acima do teto de 6,5% do sistema de metas. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 7,26% em 2016.
Em 2015, somou 10,67%, a maior em 13 anos, e estourou a meta de inflação.
O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para dentro da banda do sistema de metas em 2016 e para o objetivo central, de 4,5%, em 2017.
Fonte: Globo.com