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Fed decide subir juros pela 1ª vez após posse de Trump

BC norte-americano elevou as taxas para o patamar entre 0,75% e 1% e reconheceu avanços no mercado de trabalho e na atividade econômica. Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, decidiu elevar a taxa de juros do país nesta quarta-feira (15), na primeira alta após a posse do presidente Donald Trump. Na última reunião, em janeiro, o órgão manteve as taxas.

Em seu comunicado, o órgão justificou a ação encorajado por dados mensais fortes de emprego e pela confiança de que a inflação está finalmente caminhando para sua meta.

No terceiro aumento desde a eclosão da crise financeira de 2008, os juros devem subir para a faixa entre 0,75 e 1% – contra 0,5% e 0,75% anteriormente. A última elevação das taxas pelo Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) ocorreu em dezembro de 2016, um ano após a primeira alta em quase uma década.

A economia dos EUA tem mostrado força nos últimos meses, com a criação de vagas acima de 230 mil tanto em fevereiro quanto em janeiro. A confiança do consumidor também aumentou e a inflação vem se firmando.

Apesar do reconhecimento de melhora na economia, o BC dos EUA não sinalizou em seu comunicado se pretende alacerar o ritmo de alta dos juros daqui para frente.

Efeitos da decisão

O mercado acredita que uma alta dos juros pelo Fed pode motivar uma transferência de parte dos recursos aplicados em países emergentes para os EUA. Os títulos do Tesouro americano, atrelados à taxa de juros norte-americana, são considerados o investimento mais seguro do mundo. Se confirmado, esse fluxo de capital pode levar a uma tendência de alta do dólar em relação a moedas emergentes como o real.

A decisão de investimentos depende do apetite de risco dos investidores. Os mais conservadores tendem a procurar economias mais seguras para alocar seu capital, mesmo que paguem juros mais baixos. Em 2008, por exemplo, durante a crise do subprime nos Estados Unidos, a demanda por títulos do Tesouro americano cresceu.

Já os investidores que têm mais apetite ao risco aceitam aplicar recursos em economias mais arriscadas, como os países emergentes, que pagam juros maiores. Quando as taxas de juros estavam próximas de zero nos Estados Unidos, muitos investidores buscaram aplicar seus recursos em ativos de maior rentabilidade em mercados considerados mais arriscados, entre eles o Brasil.

Mesmo com a alta do juro americano, o diferencial de taxas em relação ao Brasil ainda é grande. O Brasil tem uma taxa básica de juros de 12,25% ao ano, patamar que o coloca ainda na liderança do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação).

Histórico de decisões

A primeira alta dos juros nos EUA em quase uma década aconteceu em dezembro de 2015. Desde então, as taxas passaram de uma faixa próxima a zero para o patamar entre 0,25% a 0,50%, até subirem para 0,50% a 0,75% em dezembro de 2016.

A taxa básica de juros dos EUA (equivalente à Selic brasileira) foi reduzida a patamares próximos a zero em 2008, para dar fôlego à economia norte-americana durante a crise financeira internacional.

Um aumento dos juros nesta quarta-feira já estava precificado nos rendimentos dos títulos e nos mercados financeiros em geral, com os investidores calculando a probabilidade de tal ação em 95%, segundo programa FedWatch do CME Group.

Fonte: Globo.com