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Retirada de dólares no Brasil supera ingresso em US$ 1,45 bilhão em fevereiro

No acumulado do ano, até 2 de março, porém, saldo está positivo, com mais entrada que saída de valores, em US$ 6,04 bilhões, revela Banco Central

A saída de recursos do Brasil superou o ingresso em US$ 1,454 bilhão em fevereiro, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (7). Em janeiro, o movimento havia sido contrário, com entrada líquida de US$ 8,063 bilhões.

A entrada de dólares se dá quando investidores enviam dinheiro ao Brasil para pagar por compra de produtos brasileiros ou para realizar aplicações financeiras e investimentos em empresas, por exemplo.

O dólar sai quando esses investidores retiram recursos do Brasil e, normalmente, aplicam em outros países, ou para pagar pelas importações realizadas. Essas operações ocorrem por meio de remessas feitas por bancos contratados por esses investidores.

No acumulado deste ano, até a última sexta-feira (2), a entrada de dólares no país superou a retirada de divisas em US$ 6,044 bilhões, de acordo com dados oficiais.

Impacto do dólar

A saída de dólares favorece, em tese, a alta da moeda norte-americana em relação ao real. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tende a subir.

No mês passado, de fato, o dólar registrou valorização. No fim de janeiro, a moeda norte-americana estava em R$ 3,180 e, no fechamento de setembro, foi cotada a R$ 3,242. O aumento foi de 1,96% no mês passado. Nesta quarta-feira (7), or volta das 12h40, já opera ao redor de R$ 3,241.

Segundo analistas de mercado, além do fluxo de dólares, outros fatores influenciam a cotação da moeda, como o cenário político interno e externo e o processo gradual de alta dos juros nos EUA, que tende a atrair capital para aquela economia.

Nesta quarta-feira, dólar opera pressionado em alta ante o real com maior temor sobre risco de guerra comercial global após o principal assessor econômico da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixar o cargo, segundo a Reuters.

“A saída de Gary Cohn… é um sinal preocupante, pois ele, democrata e ex-banqueiro da Goldman Sachs, era um mínimo sinal de razão em meio à loucura do governo Trump”, trouxe a gestora Infinity em relatório.

Nesta manhã, a União Europeia informou estar pronta para reagir às tarifas sobre o aço e alumínio, enquanto que os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos expressaram preocupações tanto comerciais quanto sistêmicas e disseram temer ações retaliatórias, afirmou um porta-voz da Organização Mundial de Comércio (OMC).

Interferência do BC

Outro fator que influencia a cotação do dólar são as operações de swap cambial, que funcionam como uma venda futura de dólares, ou de “swaps reversos”, que funcionam como uma compra de dólares no mercado futuro.

Nestas operações, o BC faz oferta de dólares para tentar controlar a cotação da moeda e impedir grandes oscilações. Além disso, essas operações servem para oferecer garantia (hedge) a empresas contra a valorização do moeda.

O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção para o mercado cambial nesta quarta-feira, por enquanto. Em abril, vencem US$ 9,029 bilhões em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.

Fonte: Globo.com